Entrevista com o padre Ian Boyd, especialista no escritor católico
MECOSTA, segunda-feira, 20 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – Este ano celebra-se o centenário da publicação de uma coletânea de ensaios do popular escritor G. K. Chesterton, intitulada “O que está mal no mundo”.
O presidente do Instituto Chesterton pela Fé e a Cultura, da Universidade Seton Hall, em Nova Jersey, padre Ian Boyd, falou com ZENIT sobre as advertências de Chesterton e o caráter profético de sua obra.
ZENIT: Que faz o Instituto Chesterton?
Padre Boyd: O instituto foi fundado durante o centenário do nascimento de Chesterton, em 1974, para responder a uma sugestão de T. S. Eliot na ocasião da morte de Chesterton, que disse que nós deveríamos continuar fazendo hoje o que Chesterton iniciou. A ideia básica do instituto é, através das publicações e conferências, continuar hoje o trabalho comunitário de Chesterton.
ZENIT: A cem anos da publicação do livro referido de Chesterton, o texto ainda contém elementos que se podem aplicar hoje?
Padre Boyd: Em todos os escritos de Chesterton há um caráter profético. Ele foi uma importante figura de seu tempo, especialmente na época anterior à Primeira Guerra Mundial. Converteu-se em um autor clássico de seu tempo.
Chesterton viu que seus contemporâneos eram como ovelhas sem pastor, enganadas por falsos pastores. Penso que Chesterton viu sua missão como realmente apostólica, porque muitos não se dão conta do tesouro que têm em sua fé cristã.
A obra “O que está mal no mundo” tem algo a dizer ao mundo de hoje por um motivo: contém uma teologia social. Chesterton e seus amigos anglicanos, muito antes de que se tornasse católico, estavam preocupados em evangelizar a cultura. Reconheciam que a maioria das pessoas absorvia o pensamento e a conduta da cultura em que estavam imersas, de modo que uma cultura tóxica afeta quem é parte dela. Há 50 anos, inclusive os não crentes e agnósticos consideravam o aborto algo vergonhoso. Agora é aceito por muita gente. Não penso que nossos contemporâneos sejam piores, mas que uma cultura sadia se converteu em tóxica.
Tem de nos preocupar, como a Chesterton, a limpeza da mente e da imaginação coletiva. Isso é o que entendemos quando Chesterton e outros escritores falavam sobre evangelizar a cultura.
ZENIT: Grandes escritores católicos como Chesterton podem ter seguidores em países decididamente não católicos, como a Inglaterra?
Padre Boyd: Toda esta notável literatura católica surgiu de uma cultura não católica. Eram muito bons escritores e também escritores sacramentais, no sentido de que ensinavam a verdade católica sem falar diretamente de religião. O próprio Chesterton é um grande professor religioso que nunca é sectário, que apresenta a verdade cristã indiretamente.
Chesterton, como os russos diziam dele, é um mestre da esperança. A sociedade humana, dizia, está em construção. Os humanos têm o poder, como subcriadores, de transformar uma sociedade. Não estamos condenados ao fracasso. Se algo vai mal no mundo, tratamos de corrigir.
(Andrea Kirk Assaf)
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