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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

G. K. CHESTERTON, BEATO?


Paolo Gulisano explica as virtudes do escritor britânico


Por Antonio Gaspari 
ROMA, quarta-feira, 15 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Gilbert Keith Chesterton, o escritor inglês inventor da figura do célebre padre-investigador Pe. Brown, e e autor de numerosos textos de narrativa e ensaios apologéticos, poderá ser beato.
Após a apresentação desta proposta às autoridades eclesiásticas, ZENIT entrevistou Paolo Gulisano, vice-presidente da Sociedade Chestertoniana Italiana e autor da primeira biografia em italiano do grande escritor: “Chesterton e Belloc – Apologia e profecia” (Chesterton & Belloc – apologia e profezia, Editora Ancora). 
– Quem promove o pedido de beatificação? 
– Gulisano: Quem propôs a beatificação de Gilbert Keith Chesterton foi a Associação cultural a ele dedicada, a Chesterton Society, fundada na Inglaterra em 1974 (por ocasião do centenário do nascimento do grande escritor) com o fim de difundir o conhecimento da obra, o pensamento e a figura deste extraordinário personagem. Há anos, se fala de uma possível causa de beatificação, e há poucos dias, durante um congresso internacional, organizado em Oxford, sobre o tema “A santidade de G. K. Chesterton”, no qual participaram os maiores expoentes no campo dos estudos chestertonianos, se decidiu sustentar esta proposta.
– Por que é beato? 
– Gulisano: Muitos consideram que há uma clara evidência da santidade de Chesterton: os testemunhos sobre ele falam de uma pessoa de grande bondade e humildade, um homem sem inimigos, que propunha a fé sem rebaixar-se mas também sem confrontos, defensor da Verdade e da Caridade. Sua grandeza está também no fato de que soube apresentar o cristianismo a um público muito amplo, de cristãos e de leigos. Seus livros, desde Ortodoxia São Francisco de Assis, desde Padre Brown A esfera e a cruz, são brilhantes apresentações da fé cristã, testemunhada com claridade e valor frente ao mundo.
Segundo as antigas categorias da Igreja, poderíamos definir Chesterton como um “confessor da fé”. Não foi só um apologista, mas também uma espécie de profeta que percebeu com grande antecipação o caráter dramático de questões da modernidade como a eugenia. O dominicano inglês Aidan Nichols sustenta que se deve olhar para Chesterton nada menos que como possível “padre da Igreja” do século XX. 
– Quais são as virtudes heróicas? 
– Gulisano: Fé, esperança e caridade: estas foram as virtudes fundamentais de Chesterton. Também era inocente, simples, profundamente humilde. Ainda tendo experimentado pessoalmente a dor, era um cantor da alegria cristã. A obra de Chesterton é uma espécie de remédio para a alma, mais precisamente, pode ser definida como um antídoto. O próprio escritor havia usado a metáfora do antídoto para definir o efeito da santidade sobre o mundo: o santo tem o objetivo de ser sinal de contradição e de restituir sanidade mental a um mundo enloquecido.
– Qual é a contribuição cultural, literária, moral e de fé que Chesterton deixou à sociedade britânica e à cristã?
– Gulisano: Quando soube a notícia da morte do grande escritor, o Papa Pio XI mandou, por meio do secretário de Estado, cardeal Eugenio Pacelli, um telegrama de pêsames, no qual lamentava a perda de “um devoto filho da Santa Igreja, defensor rico de dons da fé católica”. Era a segunda vez na história que um pontífice atribuía a um inglês a qualificação de “defensor da fé”. Talvez a Secretaria de Estado não se deu conta do irônico paralelismo, que teria feito Gilbert estourar em suas gargalhadas proverbiais, pois o outro inglês havia sido Enrique VIII, o homem que inferiu à Igreja da Inglaterra a mais grave e profunda ferida. Chesterton aproximou a Inglaterra e também o mundo de Deus, da fé e da razão. 
– Qual é sua avaliação sobre todo assunto?
– Gulisano: A leitura de Chesterton, seja das novelas ou dos ensaios, deixa sempre no leitor uma grande serenidade e um sentimento de esperança que deriva não certamente de uma visão da vida imatura e mundanamente otimista (que é na realidade o mais distante do pensamento de Chesterton, que denuncia detalhadamente todas as aberrações da modernidade) mas da concepção cristã, viril fortaleza da experiência religiosa. 
A proposta de Chesterton é a de levar a sério a realidade em sua integridade, começando pela realidade interior do homem e de dispor confiadamente o intelecto – ou seja, o sentido comum – em sua original sanidade, purificado de toda incrustação ideológica. 
Raramente se lêem páginas nas quais se fala de fé, de conversão, de doutrina, tão claras e incisivas quanto privadas de todo excesso sentimentalista ou moralista. Isto deriva da atenta leitura da realidade de Chesterton, que sabe que a consequência mais mortífera da descristianização não foi o gravíssimo extravio ético, mas o extravio da razão, sintetizado neste juízo seu: “O mundo moderno sofreu uma queda mental muito mais consciente que a queda moral”. 
Frente a este cenário, Chesterton elege o catolicismo, e afirma que existem ao menos dez mil razões para justificar esta eleição, todas válidas e muito fundadas mas relegadas a uma única razão: que o catolicismo é verdadeiro, a responsabilidade e a tarefa da Igreja consistem portanto nisto: no valor de crer, em primeiro lugar, e portanto denunciar as vias que conduzem ao nada ou à destruição, a um muro cego ou a um preconceito. Uma obra indubitavelmente santa, e a santidade de Gilbert Chesterton, que espero a Igreja possa reconhecer, brilha e resplandece ante o mundo. 

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